O deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS) participou de uma reunião na noite de quarta-feira (10) com representantes da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio de Passo Fundo (ACISA). Marcaram presença no encontro virtual 70 empreendedores dos mais diversos setores da economia do município e que estão sendo prejudicados pela decretação de bandeira preta no Rio Grande do Sul. Os deputados estaduais do partido NOVO, Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo, também participaram.
Os empresários e representantes de setores da economia passo-fundense apresentaram aos parlamentares o cenário que estão vivendo e traçaram perspectivas para o futuro, com objetivo de construir ações de médio e longo prazo para a retomada da economia na região.
Os parlamentares ouviram as demandas dos empresários e também fizeram apontamentos.
Empreendedores relatam dificuldades
O presidente da ACISA, Cássio Gonçalves, ao iniciar a reunião, salientou que as empresas de Passo Fundo “adotam e cumprem todos os protocolos de segurança” e que o funcionamento das atividades, seguindo os protocolos estabelecidos, não é um vetor de contaminação do coronavírus.
Os empresários tiveram espaço na reunião e trouxeram suas preocupações devido às restrições da bandeira preta no estado. “É desesperador, vamos ter que demitir” disse Karen Fontoura, proprietária de 5 lojas na cidade. “Já decidimos que uma das lojas vai ser fechada”, informou. Outros comerciantes projetaram possíveis fechamentos de seus estabelecimentos já no mês de abril, caso sigam as restrições impostas pelo governador. A empresária Ada Munaretto pediu a palavra e disse: “Infelizmente fechamos as portas do negócio no último sábado”.
Leo Duro, presidente do Sindicato Patronal dos Hotéis e Bares, informou que houve “mais de 4 mil demissões em 2020 e 800 demissões em 2021”. Em um mês, segundo ele, 25% das empresas do ramo irão fechar, caso nada seja feito para evitar.
Markinhos Muller, do setor de eventos sociais particulares destacou que estão há 257 “completamente parados” e não estão sendo compreendidos pelo governo estadual. “O governo não entende que o evento social é completamente diferente de uma casa noturna. Um evento social, organizado por profissionais, pode seguir todos os protocolos”, desabafou. Outro empresário do setor, Wallace Renier Neves, falou da necessidade de “um protocolo que realmente entendesse os eventos”.
Responsável por 5 mil alvarás na cidade, o setor de beleza também tem sido muito impactado pelas restrições do governo. “Estamos pedindo para ter o direito de voltar a trabalhar”, reivindicou o empresário Rodrigo Annes Rodrigues. A esteticista Mariela Rosso, por sua vez, relatou que nenhum profissional quer agravar a pandemia, mas apenas “sobreviver” a partir do exercício da sua atividade.
Para Marcelo Araldi, que falou pelo ramo da tecnologia, “o governador praticamente decide quem sobrevive ou não”, se referindo às empresas no estado.
“Estamos tentando que chegue até o governador e nossos políticos que nosso serviço também seja considerado essencial”, disse Douglas Ribeiro, que representou o setor da educação infantil particular. “É preciso enquadrar a educação como atividade essencial”, reivindicou o empresário Conrado Wolff Junior.
Alessandra Bertoldi, que tem comércio na cidade, contestou a restrição dos horários de abertura do comércio. Para ela deveria haver uma ampliação dos horários de todas as atividades para que não haja aglomeração. Ao destacar as dificuldades enfrentadas, revelou que “a gente reza que entre um cliente para comprar na nossa loja”.
Ações dos parlamentares
O deputado Marcel agradeceu pelo convite e exaltou a importância do encontro virtual, falou de seu trabalho em Brasília alinhado com os deputados do NOVO no Rio Grande do Sul, fez críticas às restrições impostas pelo governador Eduardo Leite e falou sobre o preconceito contra a iniciativa privada: “Em Brasília procuro trabalhar alinhado com a bancada Gaúcha do NOVO na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, que desde o ano passado trabalha forte para evitar o aumento de impostos proposto e imposto pelo Governo do Estado e, agora, pedem a suspensão do pagamento do ICMS durante a pandemia. Mas infelizmente não só aqui como no país há um preconceito contra a iniciativa privada. E agora o Poder Público joga sua incompetência nos empresários, com as restrições. Aliás, encurtar os horários de atendendo de setores causa ainda mais aglomeração, o que é um absurdo”.
Marcel também sugeriu que as associações precisam cobrar do governador Eduardo Leite que o comitê de decisões do governo tenha representantes de empreendedores. “A decisões não podem ser tomadas unicamente por burocratas que não conhecem a realidade do setor privado”, complementou.
Em seguida falaram os deputados estaduais do NOVO. Giuseppe Riesgo, líder do partido na Assembleia, fez críticas à restrição nos horários de funcionamento dos estabelecimentos, que além de prejudicar o empreendedor e causar demissões gera aglomeração, e complementou: “o Governo do Estado sabe disso, mas fecha os olhos”. Giuseppe comprometeu-se em entregar aos técnicos do governo explicações sobre a dinâmica do setor de eventos particulares, que tem sido fortemente impactado pelo fechamento das atividades econômicas.
Já Fábio Ostermann se colocou à disposição a todos que geram emprego, renda e riqueza no estado e que nesse momento se encontram em dificuldade. Ostermann também enfatizou sobre a importância da área da educação. A bancada do NOVO irá apresentar uma emenda a um projeto de lei em tramitação na Assembleia para incluir as escolas como atividade essencial no Rio Grande do Sul, protegendo-as do abre e fecha.
RS em bandeira preta
No final do mês passado o governador Eduardo Leite decretou que todo o Rio Grande do Sul passaria a vigorar em bandeira preta, com o fim da cogestão, instrumento que dividia. Apenas atividades essenciais passaram a ser permitidas no estado, inclusive com supermercados vedados à venda de produtos não considerados “essenciais”. A previsão dada por Leite é que o retorno da cogestão ocorra em 21 de março.